domingo, 22 de novembro de 2015

LAVAGEM DAS ESCADARIAS

Lavagem das Escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim
Resultado de imagem para ESCADARIAS BONFIM

Atualmente, cantos e hinos religiosos misturam-se ao som dos trios elétricos na festa, que é o maior exemplo do sincretismo religioso na Bahia, pois o ritual homenageia também Oxalá (Obatalá), que no candomblé é identificado ao Senhor do Bonfim. Os participantes bebem, comem e divertem-se durante o percurso, antecipando o Carnaval de rua de Salvador.A homenagem ao Senhor do Bonfim é muito antiga na Bahia, embora haja controvérsias sobre sua origem portuguesa ou africana. Esta cerimônia acontece no dia 11 de janeiro. Um imenso cortejo de devotos percorre dez quilômetros de Salvador, partindo do Largo da Conceição até o Largo do Bonfim. Baianas vestidas a caráter trazem moringas e potes cheios de água perfumada para a lavagem simbólica das escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.

Origem - Os estudiosos de mitologia negra dizem que a Lavagem do Bonfim é uma cerimônia que tem origem na África, em homenagem à divindade yorubá Oxalá. Câmara Cascudo discorda: acha que na Festa do Bonfim há convergência de dezenas de festas tradicionais da Europa e da África. Roger Bastide observa que a cerimônia não é de origem africana, pois já existia em Portugal. Teria sido difundida no Brasil por um português combatente na Guerra do Paraguai que fizera o voto de, caso não morresse, lavar o átrio do Senhor do Bonfim. Os negros baianos transformaram a lavagem em uma festa sincrética ao catolicismo e ao candomblé.
Pelo fato de ultrapassar os limites da liturgia católica, a Lavagem do Bonfim chegou a ser proibida pelo Arcebispo da Bahia e impedida de ser realizada pela Força Pública de Salvador no ano de 1890.

Hino do Senhor do Bonfim

O Hino do Senhor do Bonfim (João Antonio Wanderlei - Peiton de Vilar) foi divulgado nacionalmente a partir de sua inclusão no disco Tropicália, considerado um dos manifestos da estética do Movimento Tropicalista do final dos anos 1960. Com arranjo e regência de Rogério Duprat, o hino é interpretado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Os Mutantes, fechando o disco de forma apoteótica.
Glória a ti neste dia de Glória
Glória a ti redentor que há cem anos
Nossos pais conduziste à vitória
Pelos mares e campos baianos.
Dessa sagrada colina
Mansão da misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia
Glória a ti nessa altura sagrada
És o eterno farol, és o guia
És, Senhor, sentinela avançada
És a guarda imortal da Bahia.
Dessa sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia
Aos teus pés que nos deste o Direito
Aos teus pés que nos deste a Verdade
Trata e exulta num férvido preito
A alma em festa da nossa cidade.
Dessa sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia.

Luiz da Câmara Cascudo

Câmara Cascudo, folclorista, antropólogo e um dos mais produtivos estudiosos da cultura brasileira, escreveu no seu Dicionário do Folclore Brasileiro que nas Compitais romanas (festas em honra aos deuses Lares, protetores das encruzilhadas) e na grande Panatenéia grega (festa realizada em Atenas para homenagear a deusa Minerva) as encruzilhadas e o Partenon eram lavados, molhados ao som de cânticos. Os ídolos sempre tiveram seus dias de preparo votivo, especialmente Mercúrio em Roma ou Hermes na Grécia, e no Egito, Anúbis. Para Cascudo, também na África havia cerimônias de lavagem de imagens ou símbolos santificados.

Roger Bastide

Um dos primeiros professores da Universidade de São Paulo, Roger Bastide, antropólogo francês radicado no Brasil, contou, em seus Estudos afro-brasileiros (São Paulo, 1946), sobre o português que pela primeira vez teria lavado a escadaria do Bonfim. Ao subir em peregrinação, foi explicando o que ia fazer àqueles que encontrava e, pouco a pouco, foi-se formando à sua volta um pequeno grupo: nascera a cerimônia. Mas os pretos, que tinham o costume, nas suas religiões, de lavar os objetos sacrificiais com óleo de dendê, sangue ou água da fonte sagrada, confundiram naturalmente as cerimônias. Para eles, Oxalá era o homenageado.
Fonte: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/secoes/festas.aspx?cod=420

A lavação das escadarias da Igreja do Rosário de São Benedito: origens


Foto da lavação em 2010 


A lavação das escadarias da Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito teve início em 2009, no dia 20 de novembro. A cerimônia foi organizada pelo Centro Cultural Humaitá e Festival Paranaense do Samba, abrindo as comemorações do Dia da Consciência Negra em Curitiba.

A Igreja do Rosário

A primeira igreja do Rosário foi construída em 1737 em estilo colonial pelos escravos e para os escravos. Essa era a terceira Igreja de Curitiba, depois da Matriz e da Igreja da Ordem. A mesma foi reconstruída em 1946 em estilo barroco no mesmo local da antiga, demolida em 1931. No local se encontra o túmulo de Monsenhor Celso, antigo pároco de Curitiba.

A lavagem do Bonfim e a origem da lavagem na Igreja do Rosário


A lavagem do Bonfim foi um rito que se iniciou com o propósito de limpar o espaço interno da igreja, garantindo a ela uma boa pintura, caiação das paredes, limpeza das imagens, etc. Era a preparação da igreja para os festejos de Janeiro. Este ato de limpeza é um costume português trazido pelas Irmandades, com o propósito de limpar a igreja antes dos festejos do Santo. Com o tempo, a limpeza começou a ser feita por pessoas afim de pagar promessas feitas ao Senhor do Bonfim.
 A capela do Senhor do Bonfim foi inaugurada em 1745. Originalmente, a lavagem era um ato singelo controlado pela igreja e era realizada por escravos. Aos poucos o ato da lavagem se popularizou e se transformou numa festa, mobilizando milhares de pessoas. O culto ao Senhor do Bonfim começa a assumir extraordinária importância em Salvador. Junto com esse culto, nasceu o culto a Oxalá, sincretizado com o Senhor do Bonfim. A homenagem a Oxalá era realizada às escondidas e fora da cidade, devido às perseguições por parte das autoridades. A união das duas cerimônias ocorreu depois da Guerra do Paraguai, em parte por gratidão aos negros e mestiços que participaram da guerra como Voluntários da Pátria. Ordep Serra (1995) diz que a tradição da lavagem ocorreu devido à promessa de um soldado que lutou na guerra. Esse tipo de promessa religiosa era comum na cultura luso-brasileira (MENDES, 2011).
A lavagem do Bonfim foi identificada ao culto de Oxalá através do sincretismo. Oxalá, no candomblé, é o orixá mais velho, da paz, da união entre os povos e foi sincretizado com Jesus Cristo. Além disso, Ordep Serra (1995) explica que o culto a Oxalá celebrado em Ifé tem como características a lavagem de seus objetos sagrados com água recolhida em potes num rio sagrado consagrado ao Orixá e essa água é levada ao templo, pelos fiéis, em procissão (MENDES, 2011).
A lavagem acontece na segunda quinta-feira depois do Dia de Reis, logo após a novena em louvor a Jesus Cristo e o preceito de Oxalá. 
Podemos entender a lavagem das escadarias como um lugar de comemoração e de memória. O ritual permite que lembranças de vivências diretas ou por tabela, lembranças de eventos passados oralmente de geração à geração, venham á tona. O festejo dedicado ao Senhor do Bonfim traz consigo as lembranças dos rituais a Oxalá. Mas o ritual e a comemoração estão ocorrendo em um outro tempo, respondendo a solicitações do presente. A África acaba por ser lembrada também, mesmo por aqueles que já fazem parte da segunda ou terceira geração de africanos. Mas a memória de uma África saudosista, de onde vieram os antepassados e os Orixás, torna-se um lugar importante e fomenta um sentimento de pertença e unidade (MENDES, 2011).
E seguindo essa idéia de resgate da memória negra, de sua religiosidade e cultura marcantes que a cerimônia da lavagem das escadarias ocorreu em Curitiba. A escolha da igreja foi devido ao seu valor no resgate da história do negro em Curitiba. E a homenagem aqui foi a Oxum, que no Candomblé é sincretizada com Nossa Senhora do Rosário. Oxum é o orixá das águas doces, da beleza e da riqueza.
Fonte: http://lavagemdaigrejadorosario.blogspot.com.br/2011/05/lavacao-das-escadarias-da-igreja-do.html

FOTOS DE CURITIBA 2015

















SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Sugiro fazer, com as crianças (o legal é usar um laboratório, se sua escola não tiver, dá pra fazer em sala de aula) água de cheiro. Só é legal trocar a vodca de embalagem, de preferência trazer numa garrafa de vidro sem rótulo...

Receita de água de cheiro:
 
*2 xícaras (chá) de água destilada
*1/4 de xícara (chá) de vodca
*1 frasco transparente
*2 xícaras (chá) de pétalas de rosa, de preferência bem perfumada

Triture as pétalas de rosas e misture a água, deixe descansando por pelo menos uma semana (em frasco transparente e em local bem iluminado), depois misture a vodca e coe a mistura. A água de cheiro dura até três semanas se guardar o vidro bem fechado. Dá pra substituir as rosas por ervas aromáticas, cravo, canela, etc.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

DRAGÕES

ESCOLHI FALA SOBRE DRAGÕES PELO FASCÍNIO QUE ESTES SERES PROVOCAM NOS SERES HUMANOS DESDE TEMPOS ANTIGOS. TAMBÉM PORQUE ASSISTI A UM DOCUMENTÁRIO QUE ME DEIXOU BASTANTE INTRIGADA E CURIOSA.


dragao-3_xl.jpegSimbólica fusão da serpente e do pássaro, o Dragão (do grego Drakon), é considerado um dos monstros mais poderosos que remonta à antiguidade, e portanto, uma representação complexa e universal, visto que aparece em mitos e lendas de todo o mundo. Figura enigmática, o dragão está também associado com as profundezas do mar, com os topos das montanhas, e com as nuvens, simbolizando, dessa forma, o desconhecido e o oculto.

Sonhos

De acordo com a psicanálise, sonhar com um dragão pode indicar, entre outros: medo de incesto ou caos do inconsciente, no caso de matar um dragão.
Popularmente, diz-se que sonhar com um dragão morto é um indicativo de recomeço.

Tatuagens

A escolha da imagem do dragão para tatuagem resulta do seu significado oriental, referência de poder, sabedoria e força; ao contrário da maioria das tradições ocidentais em que ele simboliza o mal, o fogo, a personificação do caos e da natureza selvagem. 
Populares entre ambos os gêneros, as tatuagens de dragão costumam ser amplas especialmente em virtude da sua riqueza de detalhes.

Dragão Chinês 

Acredita-se que o dragão seja uma criação chinesa que representa a força e a glória do Imperador bem como o Sol. Na China, ele está associado à chuva uma vez que controlava a água, essencial para as colheitas; diz a lenda que a maior cheia que o país enfrentou, correspondeu à perturbação de um dragão pelos homens.
Além disso, na China, os dragões são considerados guardiões de tesouros, sejam eles materiais (como o ouro) ou simbólicos (como o conhecimento).

Horóscopo Chinês 

No horóscopo chinês o dragão é um símbolo Yang e as pessoas nascidas sob esse signo tem a tendência de ser autoritárias, impetuosas e decididas. Para eles, as pessoas nascidas no ano chinês do dragão serão pessoas abençoadas com vida longa, saúde, riqueza e felicidade.

Significado Místico

Inicialmente a figura do dragão esteve associada às divindades, às águas fertilizantes da serpente e o divino "sopro da vida" do pássaro. Somente mais tarde o dragão adquiriu aspectos malignos, tornando-se, portanto, um símbolo ambivalente: o criativo e o destruidor.

Significado Medieval

Na religião e nas tradições da cavalaria cristã, esse animal que cospe fogo, com chifres, garras, asas e cauda, simboliza as forças do mal carregando um significado negativo, donde matar um dragão simbolizava o conflito entre a luz e a escuridão, eliminando, com isso, as forças do mal.
Um santo cristão lutou contra o dragão.
http://www.dicionariodesimbolos.com.br/dragao/

São Jorge

sao-jorge-1_xl.jpegSão Jorge foi um santo cristão que viveu na Turquia no século III, mais precisamente na Capadócia. Mudou-se para a Palestina depois da morte de seu pai e lá foi padre e guerreiro. Entrou para a carreira militar, o qual lhe foi concedido os títulos de Capitão do exército romano e Conde da Capadócia.
Na cultura africana, São Jorge é associado a Ogum, principal orixá, considerado um guerreiro e o senhor dos metais. No Brasil, São Jorge está associado com a lua e acredita-se que a mancha presente no satélite representa o santo e sua força guerreira simbolizando a proteção.
São Jorge é considerado padroeiro de muitas cidades ao redor do mundo: Londres, Barcelona, Gênova, Moscou, Beirute, dentre outras. Ademais, São Jorge é o Santo Padroeiro da Cavalaria do Exército Brasileiro e do grupo dos escoteiros. Dia 23 de abril é comemorado o dia de São Jorge, possivelmente a data de falecimento do santo.

São Jorge e o Dragão

Reza a lenda que São Jorge, a fim de salvar a princesa e seu povo de um opressor, lutou bravamente com um dragão e, por isso, o santo guerreiro simboliza a coragem, o destemor, bem como o poder do bem sobre o mal. Nesse caso, o dragão representa o diabo (mal) e o Santo um Deus (bem).

Representação de São Jorge

Frequentemente encontramos a figura de São Jorge montado em seu cavalo, segurando uma lança, uma vez que esse objeto é um símbolo solar e masculino e foi com ela que São Jorge matou o dragão. Ao vencer a luta, Sabra, a princesa do reino, casa-se com Jorge e vivem durante anos na Inglaterra visto que o Rei não queria que sua filha casasse com um cristão.
Em outra versão, São Jorge está montado em seu cavalo branco com uma espada na mão, objeto que o ajudou a matar seu inimigo e salvar seu povo.
http://www.dicionariodesimbolos.com.br/sao-jorge/

ATIVIDADES


http://aprenderpelaexperiencia.blogspot.com.br/2013/08/sequencia-de-atividades-mito-sao-jorge.html



 


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ATENÇÃO PESSOAL DE CURITIBA E REGIÃO!!!

Uma das queixas que ouço (ou melhor leio) é que os eventos do Ensino Religioso são só para os professores da prefeitura de Curitiba, ou só pros professores do Estado, ou são durante o expediente...
Acho super válido e é muito bom pra mim registrar estas reclamações.
Então hoje tenho uma super dica pra vocês!!! Sábado teremos um evento aberto à toda a comunidade... Isso mesmo, sábado, no período da tardem gratuito e aberto à comunidade. Vai ser lindo!!!
Vamos!?!
Ajudem na divulgação, convidem sua família, amigos, vizinhos, cachorro, papagaio, periquito...
Vamos construir um mundo em que o respeito e a tolerância sejam o motor que move a sociedade...

domingo, 15 de novembro de 2015

DANÇA DA MANDALA DAS 21 QUALIDADES DE TARA

A Dança da Mandala das 21 Qualidades de Tara é uma dança ritual oferecida em todo o mundo como uma prece de paz, proteção, sabedoria e celebração do potencial humano.

O texto utilizado na dança é baseado em uma prática de meditação (sadhana) do Budismo Tibetano, da Deusa Mãe Tara, compilada por Orgyen Dechen Chokjur Lingpa, o grande pesquisador dos tesouros tibetanos.
Diz-se que ele recebeu esta sadhana da própria Tara.

Sua Santidade o Dalai Lama e muitos grandes lamas de todas as linhagens do Budismo Tibetano deram sua benção e ofertaram preces para que essa dança fosse compartilhada da maneira mais ampla possível.

Criada por Prema Dasara, a dança tem sido praticada desde 1985 e várias Estudantes-Professoras criaram círculos de prática e oferendas públicas anuais em suas comunidades.
Ela tem sido ensinada a milhares de mulheres e homens no mundo inteiro, inclusive em vários grupos de monjas e leigas tibetanas.

Dançando para Sua Santidade o Dalai Lama em Tucson, Arizona, em 1993

O texto seguinte sobre a dança foi adaptado de um artigo escrito por Rhye Gray, uma Estudante-Professora do Tara Dhatu de Baton Rouge, no qual ela descreve a dança e seu processo.

A Dança da Mandala de Tara é uma forma única de prática meditativa.
Os participantes tornam-se Tara dançando suas 21 qualidades.
Essas qualidades são muito conhecidas entre os tibetanos, que as cantam desde a infância.
É uma de suas preces mais comuns.

Há muitas estórias folclóricas e contemporâneas de pessoas pedindo a intercessão de Tara, a Grande Deusa Mãe. Diz-se que sua resposta é rápida e efetiva.
No entanto, Tara é mais que somente uma deidade externa.

O Budismo Tântrico ensina que todas as qualidades dos bodhisattvas já estão presentes em cada ser senciente e que, como uma circunstância arquetípica, o relacionamento pode ser utilizado para estimular e fazer se manifestar essas características latentes.
A Dança da Mandala de Tara é uma demonstração perfeita disso.

Refúgio apresentado a Sua Santidade o 17º Karmapa Dharamsala, India, 2001

A prática começa com o refúgio, uma homenagem à linhagem dos mestres, aos seres iluminados, a seus ensinamentos e à comunidade de praticantes, os que estão engajados nas práticas que propiciam o advento da mente iluminada.

Ela é seguida por um voto, afirmando que o objetivo da prática, a mente iluminada, trará benefício a todos os seres.
Os praticantes não estão tentando escapar do mundo, pois se o fizessem o resultado seria um sentimento de separação, isolamento e desconexão.

O próximo passo na prática é visualizar Tara como uma presença feminina radiante, sentada no céu à frente da dançarina.
Ao imaginar Tara a sua frente, os praticantes criam um mundo no qual este ser transcendente de sabedoria e compaixão existe.
Eles trazem então este mundo transcendente para sua própria experiência.
Realizando gestos rituais com as mãos, chamados mudras, as dançarinas invocam Tara em uma mandala na forma de uma lua crescente.

Estabelecendo o ambiente como o reino puro de Tara, elas espiralam em uma série de círculos concêntricos, dedicadas a um processo de purificação para liberar negatividades.
Quando essa parte está finalizada, elas se visualizam como Tara.

“Quando as dançarinas levam as mãos sobre a cabeça e baixam-nas ao longo de seus corpos é um momento particularmente emocionante na dança, quando a purificação e revelação são completas”. (Dançando como Tara, Jessica Gray).

Preparadas para dançar como Tara, uma a uma as dançarinas nascem de uma intrincada formação de mandala para dançar uma das qualidades de Tara como um oferecimento ao mundo.

A Tara de Invencível Coragem nasce da Mandala

Essa prece de quatro linhas contém um mundo de significados, e há muitos comentários que descrevem as qualidades e os poderes que ela representa.
Dançando as Qualidades de Tara, as dançarinas revelam sua natureza interior como um aspecto da Deusa Tara.
O corpo se move e Tara surge por intermédio dos movimentos.
Não é algo canalizado do exterior, mas algo que surge de dentro.

Por intermédio da dança, as dançarinas invocam três níveis de relacionamento com Tara.
Há a Tara Buddha/Bodhisattva transcendente como um ser externo.
Há o reconhecimento que todos os seres sencientes são aspectos de Tara.
E há a convicção que a dançarina, ela própria, é Tara.

Essa experiência extraordinária se traduz então na maneira que o praticante interage com o mundo. As qualidades e preces são ferramentas que o praticante pode utilizar em sua vida cotidiana.
Depois de dançar as preces ou qualidades, um dos momentos mais significativos da prática acontece sem nenhum movimento.

As dançarinas são instruídas a “abandonar-se completamente.
Mente vasta, espaço infinito”.
Nesse momento de simplesmente existir, de quietude, o poder da prática resplandece.
A ansiedade e o sofrimento não existem.
Quando a mente está vazia, o espaço libera toda a ansiedade e revela sua maravilha.
Desse vazio fecundo, o mantra de Tara aflora.

As dançarinas desfazem a mandala cantando a prece do benefício.
A prática promete benefícios temporais e bençãos transcendentais.
Os movimentos são simples, as dançarinas congratulam-se ao se cruzarem, alegrando-se com o bem-sucedido girar da roda da mandala de Tara.
Cada palavra afirma a benção de Tara.
A música se torna mais ativa e as dançarinas iniciam a dança do mantra.
O coração da prática de Tara é o mantra de Tara:

OM TARE TUTARE TURE SOHA

OM indica tudo o que existe; TARE, Grande, Respeitada Mãe.
TUTARE a descreve como removedora de todos os obstáculos, enquanto TURE a descreve como a supridora de todas as necessidades.
SOHA é um fechamento para o mantra, explicitando que é assim, como sempre foi, e como sempre será.
Tara, Grande Mãe que Remove Obstáculos e Satisfaz Necessidades.
Que seja assim!!!
Essas sílabas sagradas, utilizadas por incontáveis gerações de praticantes de Tara, têm impacto na mente das dançarinas e no mundo a seu redor.

Os movimentos reforçam o significado das palavras.
Na parte do mantra na dança, as dançarinas entoam o mantra enquanto se concentram em receber a luz de Tara, abençoar a terra, fazer oferendas, receber bênçãos e enviá-las para o mundo para curar o sofrimento de todos os seres.
Esta meditação de compaixão encoraja a dançarina a se engajar numa ação compassiva em sua vida.
Dançando como Tara, encoraja os praticantes a agir com sabedoria e compaixão em seus relacionamentos e na maneira de ver as outras pessoas.

Enviando a luz de Tara para o mundo

Depois da parte do mantra, as dançarinas representam um ritual de “passar a luz”, reconhecendo que toda a inspiração que recebem deve ser repassada.

A prática da Dança da Mandala de Tara cria uma comunidade de praticantes.
Algumas vezes esta comunidade é literal, de dançarinas que se encontram no mesmo tempo e espaço físicos, mas há também um encorajamento para uma comunidade virtual de dançarinas de Tara de todo o mundo que se conectam por intermédio de encontros regulares, retiros e pela internet.
Há uma sensação de pertencimento a algo maior.
A dança termina com a representação da prece de dedicação …

Que Todas as Guerras e Disputas terminem para Sempre
Que a Pobreza e a Doença sejam removidas da Terra
Que a Verdade e Tudo o que é Auspicioso Aumente
Que Todos os Seres sejam Felizes
Abençoados por Aquela que Resplandece em Glória

Quando a dança é apresentada para uma plateia, há um outro nível de impacto psicológico na comunidade.
A performance pública é uma versão expandida do que acontece em termos pessoais.

O público tem a oportunidade de se conectar com as imagens de compaixão apresentadas na dança por um breve momento, e isto pode inspirar e galvanizar uma comunidade.
A Dança da Mandala de Tara foi criada especificamente para mulheres, e, nas performances, somente mulheres podem dançar as Qualidades.
Homens são convidados a dançar como protetores, apoiando cada Tara ao nascer.

A grande maioria de dançarinos de Tara são mulheres, na medida em que elas se conectam fortemente com o imaginário feminino, mas a minha experiência indica que a prática traz benefícios psicológicos para os homens também.
Ela permite que o homem se abra para seu “lado feminino”, propiciando uma integração do masculino e do feminino na psique.

Muitas das características de Tara, como proteção, sabedoria e vitória, são pensadas de maneira estereotipada como atributos masculinos no pensamento ocidental.
Ao ver estas qualidades como femininas, uma perspectiva mais equilibrada do masculino e do feminino torna-se possível.
Essa voz feminina clama por liberação no mundo, mais do que liberação do mundo, mas uma reconceitualização do aspecto sagrado da atividade diária, um chamado para o reencantamento do corpo e da fala.

A Dança da Manda de Tara permite a ambos, homens e mulheres, reconhecer o sagrado no mundo e encontrar alívio e benefício por intermédio da personificação do divino feminino.

Om Tare Dharamsala, India, 2000

O ritual da Dança da Mandala de Tara é um processo de transformação, e os praticantes utilizam este ritual para cultivar bem-estar na vida.
Como uma meditação, é uma prática para acalmar a mente, ensinando aos praticantes a habilidade de observar conscientemente os pensamentos, os sentimentos e como o corpo responde ao ambiente.

A dança é sempre ensinada com as correspondências meditativas, apesar de dançarinos a praticarem em todos os níveis de experiência.
Independentemente da experiência budista, os movimentos rítmicos por si permitem à mente relaxar na meditação.
Eles demandam um esforço tremendo para manter o foco e a concentração.

Durante a dança, não posso entregar-me a meus próprios quereres, desejos, necessidades ou pensamentos. Sem tentar resolver problemas na minha vida, encontrar saídas ou respostas, eu relaxo.
Fico energizada e revigorada.
Encontro uma sensação de paz.
Sinto-me melhor após a dança.
Ela me tira de mim mesma.

Iris Stewart, autora de Mulher Sagrada, Dança Sagrada, descreve a Dança da Mandala de Tara baseada em suas próprias experiências.
Ela diz, “A essência desse trabalho que o faz tão poderoso é o espelhamento dessas qualidades iluminadas em si própria, para você mesma.
Estudei com Prema e posso dizer que esta é uma das experiências mais ponderosas e transformadores que já tive.
Pela combinação de mente, corpo e espírito, a dançarina se transforma psicologicamente.
Esta dança dá aos praticantes a oportunidade não somente de transformar a percepção de si próprio, mas também transformar sua perspectiva do mundo.
Transformando sua perspectiva, o próprio mundo se transforma.

O movimento, nossa primeira linguagem, toca centros de nosso ser além do alcance de vocabulários racionais ou de coerção.
Ele comunica o mais profundo da alma que não pode ser verdadeiramente expresso em palavras.”

Que Todos os Seres sejam Felizes, Que Todos os Seres sejam Livres


Disponível em: http://www.taradhatusulamerica.com.br/conteudo/28/o-que-e-a-danca-de-tara