quarta-feira, 30 de abril de 2014

As primeiras reuniões - O caso das abóboras

cani.
 Ifá convida os dezesseis príncipes para dezesseis banquetes que aconteceriam de dezesseis em dezesseis dias e nesses banquetes os odus (os príncipes) contariam o que acontece no mundo dos humanos, num total de 301 histórias.  Na primeira reunião os príncipes não convidaram seu irmão Obará, pois ele só falava de desgraças. Quando Ifá percebeu que um dos príncipes não estava lá e perguntou o por quê eles responderam que o só não o convidaram porque ele só sabia falar de desgraça. Ifá ficou furioso e os expulsou de sua casa sem banquete mas, para que não morressem de fome deu para cada príncipe uma abóbora.
 Eles foram para terra. Como o caminho era muito longo e eles não haviam jantado estavam morrendo de fome, mas só não comeram as abóboras porque detestavam o sabor do fruto. Então, resolveram passar na casa de seu irmão Obará, pois ficava bem perto de onde estavam. Quando Obará os viu ficou tão feliz que mandou a sua mulher ir buscar toda comida que havia no mercado e que dissesse que pagaria no dia seguinte.
Foi servido um banquete enorme e os irmãos comeram tudo até não aguentarem mais, mas Obará e sua esposa ficaram só olhando e não comeram nem uma migalha. Quando a comilança acabou os irmãos não conseguiam carregar as abóboras e largaram no quintal de Obará. Na manhã seguinte o dono do mercado veio cobrar a comida, mas eles não tinham dinheiro para saldar a dívida, eram muito pobres. Então sem recursos para pagar o que devia e sem condições para comprar comida, Obará disse a mulher para eles comerem uma das abóboras. Eles abriram as abóboras e, para sua surpresa, de dentro saíram muitas riquezas.
 Obará agora era o odu mais feliz e rico de todos.  Na segunda reunião, quando Obará contou a Ifá sua história estava muito feliz enquanto seus irmãos ficaram de cabeça baixa ao escutarem o desfecho da primeira reunião.









Os príncipes do destino

Os dezesseis príncipes e as histórias do destino

Há muito tempo, num antigo país da África, dezesseis príncipes negros trabalhavam juntos numa missão da mais alta importância para seu povo, povo que chamamos de iorubá.
Seu ofício era colecionar e contar histórias. O tradicional povo iorubá acreditava que tudo na vida de alguém já aconteceu muito antes a outra pessoa. Saber as histórias já acontecidas, as histórias do passado, significava para eles saber o que acontece e o que vai acontecer na vida daqueles que vivem o presente. Pois eles acreditavam que tudo na vida é repetição. E as histórias tinham que ser aprendidas de cor e transmitidas de boca em boca, de geração a geração, pois, como muitos outros velhos povos do mundo, os iorubás antigos não conheciam a palavra escrita.
Na língua iorubá dos nossos dezesseis príncipes havia uma palavra para se referir a eles. Eles eram chamados de odus, que poderíamos traduzir como portadores do destino. Os príncipes odus colecionavam as histórias dos que viveram em tempos passados, sendo cada um deles responsável por um determinado assunto. Assim, o odu chamado Oxé sabia todas as histórias de amor. Odi sabia as histórias que falavam de viagens, segócios e guerras. Ossá sabia tudo a respeito da vida em família e da maternidade. E assim por diante. As histórias falavam de tudo o que acontece na vida das pessoas, de aspectos positivos e negativos, pois tudo tem o seu lado bom e o seu lado bom e o seu lado ruim.
Quando uma criança iorubá nascia, um dos dezesseis odus passava a cuidar de seu destino, de modo que na vida de cada nova criatura se repetiriam as histórias contadas pelo príncipe que era o deu odu, o padrinho de seu destino.
Sim, cada criança nascida naquele país tinha um odu protetor e esse odu a acompanhava pela vida afora, era seu destino. E tudo o que lhe acontecia estava previsto nas histórias que o príncipe gostava de contar.
Bem, formavam o time completo dos odus:
Acima dos dezesseis príncipes odus estava o Senhor do Destino, o deus que os iorubás chamavam de Ifá. Os antigos iorubás cultuavam muitos deuses, que eles chamavam de orixás, e cada orixá cuidava de um diferente aspecto do mundo. Ifá era o orixá do destino, mestre do acontecer da vida, e os odus trabalham pra ele.
Ifá vivia no Céu dos orixás, que era chamado de Orum. De lá ele comandava os príncipes odus. Os odus orientavam o destino dos seres humanos mas Ifá os vigiava com muita atenção, para que tudo saísse como deveria ser, na vida de cada homem, na vida de cada mulher, fosse um velho, fosse um adulto, fosse uma criança.

A luta da propaganda contra o racismo

Neste último final de semana a atitude do jogador brasileiro Daniel Alves deu um drible de craque no racismo e surpreendeu a todos, com ironia e bom humor. Ao posicionar a bola para cobrar o escanteio, um torcedor jogou-lhe uma banana, que caiu no gramado, um ato terrível que não precisa de tradução.
Daniel Alves não esbravejou, não gesticulou e nem sequer reclamou com o juiz, mas simplesmente comeu a fruta antes de dar prosseguimento a partida entre Barcelona e Villarreal, na Espanha. A reação do maior jornal espanhol foi emblemática: “Dani Alves comeu a banana como quem engole o racismo”. (Se você ainda não viu, confira aqui)

Campanha da Football Resistance brinca com o símbolo do nazismo e o transforma num jogador
Mais tarde, utilizando a sua faraônica popularidade nas redes sociais, o atacante Neymar, companheiro de clube de Daniel Alves, deu o start para a campanha #somostodosmacacos, imediatamente abraçada pelo público e por celebridades de todos os calibres e segmentos. Agora se sabe, a ação foi pensada pela agência de propaganda Lodducca e estava à espera do momento certo.
Não cabe entrar no mérito do timing da campanha ou seu impacto, especificamente nesse caso. Mas nunca é demais lembrar que a propaganda também pode ser uma arma poderosa contra essa temerosa praga social representada pelo racismo. Confira abaixo algumas ações interessantes que abordam esse delicado tema:
A campanha da UNICEF, que você verá abaixo, tem um texto matador para falar sobre os impactos do racismo. Não à toa, já foi premiada em Cannes com um Leão de Bronze. “O risco de Thiago ser assassinado é quase 3 vezes maior que o de outras crianças. Só que Thiago não sabe disso. Nem desconfia que não vai chegar aos 18 anos. Só sabe que as pessoas olham para ele de um jeito diferente. Ou desviam o olhar quando ele passa. Mas por que justo o Thiago? Por que ele não tem os mesmos direitos que as outras crianças?  A resposta é simples. Porque ele não tem a mesma cor de pele do menino da foto abaixo.
Reprodução 
Esse anúncio do TED mostra brancos e negros, separadamente, atravessando a mente de Martin Luther King Jr – ativista dos direitos civis dos negros nos EUA –para saírem unidos do outro lado. A criação é da Ogilvy & Mather, da Argentina.
coluna2 
A Liga Internacional contra o Racismo e o Antissemitismo também resolveu usar o impacto para abordar a causa e mostrar que a cor da pele não deve ditar o futuro das pessoas. Confira:
coluna3
Para a Afropress, a Publicis Brasil criou essa abordagem forte nas ruas. A mensagem é clara e contundente: “se eu fosse assim você me olharia de outra forma”.
coluna4
Por Renato Rogenski, Editor-chefe do Portal Adnews
http://queminova.catracalivre.com.br/2014/04/29/a-luta-da-propaganda-contra-o-racismo/

Desafio do dia

Recebi, através do facebook, essa imagem de um amigo. Achei super interessante para mostrar em sala de aula e compartilhar com vocês.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ah! O amor...

"L'amour" como dizem os franceses. Este sentimento permeia todas as nossas relações e está presente na literatura de todas as religiões. Porém, este elemento tão comum às nossas vidas é de difícil abordagem nas aulas de ensino religioso, principalmente quando trabalhamos com turmas de primeiro ano.
Sugiro iniciar o trabalho com um poema infantil:

ADIVINHA O QUE É
(RENATO ROCHA)

QUEM ADIVINHA O QUE É
QUE CAI EM PÉ
E CORRE DEITADA
E FAZ A TERRA FICA MOLHADA
ADIVINHA O QUE É?

- A CHUVA É QUE É!

TEM ASA, NÃO VOA NADA
TEM BICO, MAS NÃO DÁ BICADA
AVE NÃO É?
ADIVINHA O QUE É?

- BULE DE CAFÉ!

QUANTO MAIS SE TIRA
FICA MAIOR
QUANTO MAIS SE BOTA
FICA MENOR
O QUE É?

- UM BURACO QUALQUER!

UMA CASINHA BRANCA
SEM PORTA, SEM TRANCA
NUNCA FICA DE PÉ?

- O OVO É QUE É!

QUE QUANTO MAIS
VOCÊ DÁ E DIVIDE
MAIS CRESCE
PARECE MULTIPLICAR
QUEM ADIVINHA O QUE É?

- QUE É AMAR!
(DISCO MPB 4 - ARIOLA, 1981)








terça-feira, 15 de abril de 2014

Visita Ilustre

Hoje recebemos a visita da autora e contadora de histórias Cléo Busatto. Dentre as leituras realizadas, ela leu um trecho do livro "Paiquerê", uma narrativa mítica que fala sobre a conquista do fogo, pelas nações indígenas brasileiras. Foi uma experiência única:

Paiquerê, O Paraíso dos Kaingang
Edições SM, 2009.
Obra selecionada: FDE 2011 Sala de Leitura

Paiquerê, Paiquerê,
céu de estrelas,
chão de ipê,
meu Paiquerê.

Paiquerê,Paiquerê,
sonho e encanto,
sol e luz
no Paiquerê.

Meu tesouro mais formoso
é o Paiquerê,
todos querem sua porção de Paiquerê.
(Fonte: folder de apresentação do projeto: Histórias da Cléo.)


Páscoa

Lindo vídeo sobre a Páscoa Cristã.