A Folha de São Paulo ouviu crianças de 9 religiões diferentes para mostrar o que os pequenos pensam sobre Deus e quais são os seus maiores pedidos ao ser divino.
As crianças ouvidas professam as crenças: budismo, candomblé, judaísmo, rastafári, islamismo, cristianismo protestante, catolicismo, união do vegetal e espiritismo.
Meninos e meninas entre 6 e 11 anos deram as respostas mais diferentes sobre suas crenças, mostrando formas diferentes de acreditar em um Deus quer seja chamado de Alá ou de Oxum.
Eles disseram o que para eles é fundamental, no seu credo. Ou seja, a ideia do sagrado, da divindade. E disseram ainda o que esperam de seu Deus.
Além de explicarem o que pensam sobre Deus as nove crianças também fizeram desenhos que expressam suas visões sobre o tema.
Enquanto o Pai Nosso da católica Beatriz vive dentro de um coração, o da rastafári Núbia habita um deserto com montanha e cachoeira.
Deus é a atração principal do teatro, na visão do judeu Luke. Às vezes Deus é ela - a orixá que protege a aspirante a mãe de santo Manuella.
No censo do IBGE de 2010, a maioria dos brasileiros (64%, ou 123 milhões), diz ser "católica apostólica romana".
Mas quem tem fé nem sempre vai a Roma. Em segundo e terceiro lugar, estão os evangélicos (42 milhões, ou 22%) e os espíritas (3,8 milhões, 2%).
E existe uma leva considerável de 643 mil brasileiros que declararam múltipla religiosidade.
Manuella Araújo da Costa, 10 anos, candomblé, afirmou que para ela Deus é Oxum. “Oxum é a santa que me protege. Ela tá no mato, para curtir a vida”.
A pequena ainda relatou um caso de intolerância religiosa que sofreu na escola: “Uma professora uma vez contou que um lobo ia na porta da criança que não é batizada [como cristã]. Fiquei com medo, chorando”.
Luke Saul Jospa, 9 anos, judeu, que deu sua visão sobre Deus de uma forma bem diferente.
“Para nós não tem inferno, só céu. Assim: vamos fingir que você está no teatro. Se foi uma boa pessoa, ficaria na frente, mais perto de Deus. Se foi uma ruim pessoa, ficaria lá atrás”.
Núbia Selassie Cestaria Granello, 6 anos, é da religião rastafári e fala no deus Jah se referindo à ele como sendo as batidas de seu coração. “Ele é o meu coração e fica batendo em todos os momentos. Peço a Jah que o mundo fique bem limpinho”, disse Núbia.
Pertencente à religião União do Vegetal (dissidência do Santo Daime), Darah Cally Patrício, 8 anos, diz que é legal beber ayahuasca e que a bebida dá vontade de dar risada. “Desenhei o mestre Gabriel, o nosso guia. É muito legal beber. Tem gente que vomita, mas eu não sinto medo, sinto amor. E vontade de rir muito! Já vi árvores falando comigo”.
Para o muçulmano Mohamed Hussein Abid Ali, 8 anos, deu uma resposta direta sobre o que Deus representa para ele. “Deus é tudo para mim”. O pedido mais comum do garoto nos últimos dias é para que chova.
Para Ariom Scheffler, 11 anos, budista, Deus não é um ser físico. “Não tem um Deus físico, Deus é tudo e tudo é Deus”, disse. “Ele é feito de luz. O arco-íris, no budismo, representa uma pessoa com coração iluminado”.
Pietra Hanna Castanho, 10 anos, é evangélica e definiu Deus como alguém que a ama e a ilumina. “Deus nos ama e nos ilumina. Ele me ajuda quando alguém briga comigo”, afirmou.
A católica Beatriz Dias Samuel, 8 anos, diz que “Deus está no meio do coração de todo mundo” e que para ela, Ele é um ser com cabelo longo porque “no antigo tempo não cortavam cabelo”.
Já a espírita Clara Veiga Carvalho, 10 anos, compara a reencarnação com a metamorfose da borboleta. “Deus criou a borboleta. Ela é bonita e feliz. Começa como se fosse um bicho horroroso, gosmento, e vira uma borboleta linda. É como o espírito que reencarna: você vai crescendo e evoluindo”.
Toda religião é boa quando os seus ensinamentos inspirarem os seguidores a serem pessoas melhores.
Que as nossas crianças, e nós adultos, meditemos nas palavras de Madre Teresa de Calcutá:
“Podemos nos tornar um Hindu melhor, um Muçulmano melhor, um Católico melhor.” E que nisso esteja o nosso esforço. Ser um humano melhor.
http://muitoalem2013.blogspot.com.br/2015/06/nove-criancas-e-suas-religioes.html
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