quarta-feira, 23 de julho de 2014

Iansã - A deusa dos ventos

O mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes, por esse motivo, tornou-se conhecido com o nome de Odò Oyá , já que Yá, em yoruba, significa rasgar, espalhar. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove Orùm ( Nove céus), dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyà Mésàm, Iansã (Yánsàn).

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada diretamente com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio da chuva, é a filha do Fogo-Omo Iná.  A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover.

Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza sua raiva, seu ódio. Dessa forma, passou a indentificar-se muito mais com as características relacionadas ao homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.

O fato de estar relacionadas com funções tipicamente masculinas, não afasta de Iansã das características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente; ela é extremamente feminina e seu número de paixões mostra a forte atração que sente pelo sexo oposto. Iansã (Oyá) teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças a seus amores, conquistou grandes poderes e tornou-se orixá.

Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Iansã não está exatamente ligada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.

Algumas das histórias de Iansã relacionam-na com antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a menção aos chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade, surgem sempre nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi capaz de transforma-se em um búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça.

Oyá é a mulher que sai em busca do sustento. Ela quer um homem para amá-la não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: Luta e vence.

Como rainha, assim como Oxossi, carrega o ERUKERÊ (OU ERUXIN), no caso dela é feito com rabo de cavalo, que serve para comandar os eguns e encaminhá-los, impondo-os dessa forma o respeito. Carrega também, uma espada de cobre flamejante e um Abebè de palha (um abano) que simboliza seu domínio pelos ventos. Portanto, Iansã é, sem dúvida, a deusa mais temida e respeitada do panteão Afro-Brasileiro.
Texto disponível em: http://candombleatual.blogspot.com.br/2012/02/iansa-deusa-dos-ventos.html

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