quarta-feira, 5 de junho de 2013

VERDADE


As crianças sempre me perguntam sobre este tema: a VERDADE. Ao terminar de contar histórias de determinadas religiões eles dizem:
"Mas professora, isso é verdade???"
Dia desses, estava contando sobre Brahma e Vishnu, quando um menino do quinto ano dispara:
"Mas, você acredita que isso é verdade profe?"
Na hora fiquei sem reação pois, não posso deixar que a minha fé interfira no meu trabalho e na forma como passo o conhecimento para meus alunos. No momento só me veio a cabeça a ideia de usar um exemplo para explicar. Então perguntei ao menino se ele sabia o que era uma pessoa daltônica, ele disse que sim.
"Os daltônicos não conseguem enxergar as cores: azul, amarelo e vermelho. Pra eles é cinza."
Seguindo o raciocínio dele peguei minha garrafa de água (ela é azul), e disse: Esta garrafa é azul, certo?
"Certo professora."
Então é verdade que a garrafa é azul.
"Sim é verdade profe."
Mas, digamos que eu tenho uma amigo daltônico. Ele entra na sala e diz que a minha garrafa é cinza. É verdade que a garrafa é cinza?
"Sim profe, pra ele a garrafa é cinza."
Nesse caso, quando pensamos em religião, ou em qualquer outra coisa, a verdade depende de quem a vê e acredita nela.


Isso aconteceu há mais ou menos duas semanas e, hoje quando eu estava lendo "O olho de vidro do meu avô" de Bartolomeu Campos de Queirós, me deparei com um trecho que descreve o que eu sinto com relação a palavra VERDADE:

"TENHO MEDO DA PALAVRA VERDADE. É TÃO CRUA. PARECE FEITA DE FACA. A PALAVRA VERDADE NÃO PERMITE O ERRO, DAÍ NÃO CONHECER O PERDÃO. A VERDADE, SE EXISTE, DEVE SER EXAGERADA DEMAIS. É MAIOR QUE O MAR. O MAR TEM MARGENS E A VERDADE NÃO. A VERDADE NÃO POSSUI FRONTEIRAS. A VERDADE NÃO PERMITE PERGUNTAS. A VERDADE É UMA RESPOSTA QUASE FALSA. (...)"

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