É comum encontrar elementos da natureza presentes nas religiões, inclusive aparecem como símbolos sagrados representando vida, sabedoria, imortalidade, ensinamentos, experiências, etc. Isso acontece em religiões das quatro matrizes, sejam elas antigas ou mais atuais. Mas, hoje, o elemento a ser estudado são as árvores.
Matriz indígena
Algumas tradições religiosas têm a árvore como elemento sagrado ou bastante representativo em suas histórias e textos. Um exemplo bastante comum são as religiões de matriz indígena, onde todas as árvores são sagradas:
Para os índios Ticuna, região amazônica, a samaumeira é sagrada por ser considerada a "mãe da floresta" e "criadora do mundo". Outros exemplos de árvores sagradas para indígenas brasileiros: jurema, paineira, guaraná, açaí, etc.
Mito da samaumeira
Como apareceu o dia. Naquele tempo era sempre noite. Os galhos da samaumeira cobriam o mundo, escurecendo tudo. Os irmãos Yoi e Ipitentaram abrir um buraco na copa da árvore, jogando-lhe caroços de araratucupi, mas sem resultado. Chamaram o pica-pau, que tentou cortar o tronco com o bico, mas não conseguiu. Resolveram então tirar o machado da cutia. Ipi colou penas em todo o corpo e ficou deitado de boca aberta no caminho da cutia. A cutia estranhou a figura que encontrou no caminho e começou a fazer-lhe perguntas. Como Ipi não respondesse, ameaçou urinar na boca dele, cortar-lhe a língua, até que ele respondeu, dizendo que podia arrancá-la. Ela se aproximou e Ipi arrancou-lhe a paleta, a perna de trás, que era o seu machado. A cutia perseguiu Ipi mancando e gritou-lhe que, quando fizesse roça, não dissesse o nome dela, e que ela iria cobrar-lhe o roubo, furtando nas roças que fizesse. É o que a cutia faz até hoje. A cutia não pode mais plantar. Só cutia pequena ainda tem o machado. De posse do machado, Ipi começou a cortar a árvore. Mas o corte se tornava a fechar.Yoi então tentou cortar e, onde ele batia, o corte se mantinha aberto. Quando se cansou, entregou o machado a Ipi, que continuou a cortar, mas agora o corte não se fechava mais. Apesar de o tronco estar bem fino, a árvore não caía. Olhando para cima, viram que era uma preguiça que a segurava. O quatipuru, convidado para subir e tirar a mão da perguiça do galho, foi até a metade e desceu, com medo da altura. O quatipuru pequeno aceitou subir com formigas de fogo para jogar nos olhos da preguiça. Ele subiu e conseguiu atingir os olhos da preguiça. Deu então um pulo para trás e caiu, machucando o rabo no machado. Por isso o quatipuruzinho tem o rabo dobrado nas costas. A samaumeira caiu, e daí por diante se pôde ver o sol, o céu, as estrelas. Como recompensa, Yoi e Ipoi deram sua irmã para casar com o quatipuruzinho.
O coração da samaumeira. Depois de algum tempo, Ipi foi até a árvore derrubada para ver se já tinha apodrecido. Mas ela estava viva e tinha começado a brotar de novo. Ipi ouviu batidas de coração e resolveu tirá-lo. E começou a cortar com o machado. Ipi e Yoi disputavam o machado, cada qual querendo a tarefa de tirar o coração da samaumeira. Finalmente um golpe de Yoi fez o coração pular fora. Um calango o engoliu e ele ficou parado na garganta. Ipi encostou um tição na garganta do calango e o coração pulou fora. Mas uma grande borboleta azul engoliu o coração. Ipiqueimou a asa da borboleta com o mesmo tição e ela vomitou. Por isso as borboletas azuis de hoje têm manchas na asa. O coração caiu num buraco muito apertado. Yoi então mandou a cotia roer o coração pelo lado direito, trazer o caroço e plantar no terreiro. Passado algum tempo, daí nasceu a árvore de umari.
Matriz africana
O baobá é uma gigantesca árvore, considerada sagrada para os povos da África. O baobá pode viver mais de mil anos, atingir até 25 metros ou mais de altura e 7 metros a 11 metros ou mais de diâmetro. Dela o homem pode usufruir de muitos benefícios. O baobá armazena grande quantidade de água em seu tronco que pode ser extraída e utilizada. Além disso, em seus imensos ocos as pessoas podem até morar. As folhas surgem entre os meses de julho e janeiro, mas, se o terreno onde cresce a árvore for bem umedecido ela mantém as folhas quase todo o ano.
Geralmente, o baobá floresce durante uma única noite, no período de maio a agosto. Suas flores permanecem abertas durante poucas horas. Praticamente, tudo dessa árvore pode ser aproveitado. O baobá é uma fonte preciosa de medicamentos e alimento para as pessoas.
No Candomblé o baobá é uma árvore sagrada que não deve ser cortada ou arrancada.
Mito do Baobá
O criador em primeiro lugar fez uma árvore chamada baobá. Essa árvore foi criada naÁfrica. Por ser feita primeiro, para o criador ela era a mais bela.Um dia baobá estava parado e observou que havia água do seu lado, só que a águaestava parada como um espelho e baobá conseguiu se ver.Quando baobá acabou de se olhar na água, rapidamente olhou ao seu redor e viu que asoutras árvores eram bem diferentes dele. Quando reparou isso, foi reclamar com o criador.―Criador! Por que sou tão diferente das outras?―Você não é diferente, você é muito bonito!―Mas bem que o senhor podia me dar cabelos mais floridos e folhas maiores.―Mas para mim você é perfeito.O criador já não agüentava mais ouvir o baobá falar! E disse:―Não agüento mais, você está me irritando!―Pegou o baobá e plantou de novo. Só quedessa vez de cabeça para baixo.
O criador em primeiro lugar fez uma árvore chamada baobá. Essa árvore foi criada na África. Por ser feita primeiro, para o criador ela era a mais bela.Um dia baobá estava parado e observou que havia água do seu lado, só que a águaestava parada como um espelho e baobá conseguiu se ver.Quando baobá acabou de se olhar na água, rapidamente olhou ao seu redor e viu que asoutras árvores eram bem diferentes dele. Quando reparou isso, foi reclamar com o criador.―Criador! Por que sou tão diferente das outras?―Você não é diferente, você é muito bonito!―Mas bem que o senhor podia me dar cabelos mais floridos e folhas maiores.―Mas para mim você é perfeito.O criador já não agüentava mais ouvir o baobá falar! E disse:―Não agüento mais, você está me irritando!―Pegou o baobá e plantou de novo. Só quedessa vez de cabeça para baixo.
Matriz oriental
Na tradição do Budismo acredita-se que o príncipe Sidarta Gautama, sentado sob uma figueira, após dias de meditação profunda, despertou atingindo a iluminação interior, tornando-se assim, Buda que significa o Iluminado.
Matriz ocidental
No Judaísmo, as árvores são símbolos da vida. Antes da primavera os judeus celebram o “Ano novo das árvores”, o TU B’SHVAT, o dia da criação das árvores. A oliveira é uma das suas árvores reverenciadas. Nesse dia, costuma-se plantar árvores pronunciando uma oração ao plantá-las.
Além da oliveira, da videira e do espinheiro, a figueira é uma ilustração de Israel, do judaísmo. Essas quatro "árvores" são mencionadas em uma passagem de Juízes (9.8-15). Além delas, também a romã é uma representação do povo judeu. Certamente a passagem bíblica que exprime com maior precisão que a figueira é uma ilustração de Israel está em Oséias 9.10, onde Deus, o Senhor, diz: "Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como as primícias da figueira nova..." É o que também se vê claramente em Jeremias 24.3-7: "Então, me perguntou o Senhor: Que vês tu, Jeremias? Respondi: Figos; os figos muito bons e os muito ruins, que, de ruins que são, não se podem comer. A mim me veio a palavra do Senhor, dizendo: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Do modo por que vejo estes bons figos, assim favorecerei os exilados de Judá, que eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus. Porei sobre eles favoravelmente os olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei, plantá-los-ei e não os arrancarei. Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o Senhor; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração."
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