Por Miguel Arcanjo Prado
Vítima
do racismo, da perseguição e do preconceito, a cultura afro-brasileira
muitas vezes é demonizada no Brasil. Retirá-la deste lugar é um dos
objetivos da peça “Macumba – Uma Gira sobre Poder'', que estreia nesta
terça (12) em Curitiba.
Com artistas da Cia. Transitória, a peça
tem direção de Fernanda Júlia, formada pela UFBA (Universidade Federal
da Bahia) e que fundou o NATA (Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de
Alagoinhas- BA). O espetáculo faz parte do “Projeto Macumba'', que
engloba ações de teatro, música, dança e artes visuais, com produção de
Erick Alessandro.
Fernanda afirma que a peça serve para
fortalecimento das referências negras. Para ela, é de “suma
importância'' que os brasileiros “reconheçam a beleza, grandiosidade e
força da nossa herança cultural africana e afro-brasileira''.
“O
espetáculo além de colocar em cena elementos da religiosidade de matriz
africana, aponta diversos espaços para além da religiosidade, mas
calcado na ancestralidade de empoderamento da mulher negra e do homem
negro'', afirma a diretora, que busca tirar o negro do lugar
estigmatizado e marcado por estereótipos, infelizmente ainda comum em
nossa sociedade. Estão no elenco os atores Flávia Sabino, Gide Ferreira,
Tatiana Dias e Thiago Inácio.
Fernanda
afirma que é preciso reverter “a imagem deturpada'' que se criou na
sociedade sobre a cultura negra e sua religiosidade. “Divulgar a
história e a cultura do povo negro de forma descolonizada, partindo da
visão de mundo e também dos elementos culturais africanos e
afro-brasileiros é ponto de partida para a reversão deste quadro, porém
não é o suficiente'', fala.
“Para uma reversão eficaz é importante
um processo de educação descolonizado, compreensão dos órgãos
governamentais, órgãos midiáticos, iniciativa privada da diversidade
cultural do país contemplando esta diversidade em todas as esferas do
conhecimento'', aponta.
Para a artista, é importante apresentar a
peça em Curitiba, no Sul do Brasil. “Acho que o Brasil como um todo
persegue as religiões de matriz africana, não há alívio em nenhuma
região do país. Mas o que pude identificar aqui em Curitiba é uma
população que tenta invisibilizar a negritude de 22% da sua população,
afim de dar conta da criação de uma cidade europeia no Brasil, o que
posso chamar de equívoco, no mínimo'', afirma.
“Macumba, Uma Gira sobre Poder''Quando: Terça a quinta, 20h. De 12/7 a 4/8/2016
Onde: Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio – Rua Desembargador Portugal, 274, São Francisco, Curitiba)
Quanto: R$ 20
Classificação etária: 14 anos
http://blogdoarcanjo.blogosfera.uol.com.br/2016/07/11/peca-macumba-uma-gira-sobre-poder-da-voz-a-religiao-afro-brasileira/
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