Os
dezesseis príncipes e as histórias do destino
Há muito tempo, num antigo
país da África, dezesseis príncipes negros trabalhavam juntos numa missão da
mais alta importância para seu povo, povo que chamamos de iorubá.
Seu ofício era colecionar e
contar histórias. O tradicional povo iorubá acreditava que tudo na vida de
alguém já aconteceu muito antes a outra pessoa. Saber as histórias já
acontecidas, as histórias do passado, significava para eles saber o que
acontece e o que vai acontecer na vida daqueles que vivem o presente. Pois eles
acreditavam que tudo na vida é repetição. E as histórias tinham que ser
aprendidas de cor e transmitidas de boca em boca, de geração a geração, pois,
como muitos outros velhos povos do mundo, os iorubás antigos não conheciam a
palavra escrita.
Na língua iorubá dos nossos
dezesseis príncipes havia uma palavra para se referir a eles. Eles eram
chamados de odus, que poderíamos
traduzir como portadores do destino. Os príncipes odus colecionavam as
histórias dos que viveram em tempos passados, sendo cada um deles responsável
por um determinado assunto. Assim, o odu chamado Oxé sabia todas as histórias de amor. Odi sabia as histórias que falavam de viagens, segócios e guerras. Ossá sabia tudo a respeito da vida em
família e da maternidade. E assim por diante. As histórias falavam de tudo o
que acontece na vida das pessoas, de aspectos positivos e negativos, pois tudo
tem o seu lado bom e o seu lado bom e o seu lado ruim.

Quando uma criança iorubá
nascia, um dos dezesseis odus passava a cuidar de seu destino, de modo que na
vida de cada nova criatura se repetiriam as histórias contadas pelo príncipe
que era o deu odu, o padrinho de seu destino.
Sim, cada criança nascida
naquele país tinha um odu protetor e esse odu a acompanhava pela vida afora,
era seu destino. E tudo o que lhe acontecia estava previsto nas histórias que o
príncipe gostava de contar.
Bem, formavam o time
completo dos odus:
Acima dos dezesseis príncipes
odus estava o Senhor do Destino, o
deus que os iorubás chamavam de Ifá.
Os antigos iorubás cultuavam muitos deuses, que eles chamavam de orixás, e cada orixá cuidava de um
diferente aspecto do mundo. Ifá era o orixá do destino, mestre do acontecer da
vida, e os odus trabalham pra ele.
Ifá vivia no Céu dos orixás,
que era chamado de Orum. De lá ele
comandava os príncipes odus. Os odus orientavam o destino dos seres humanos mas
Ifá os vigiava com muita atenção, para que tudo saísse como deveria ser, na
vida de cada homem, na vida de cada mulher, fosse um velho, fosse um adulto,
fosse uma criança.
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