segunda-feira, 28 de abril de 2025

O que é democracia?

 A palavra democracia vem do grego. Nessa língua, demos significa povo e cracia quer dizer poder. Juntando as duas partes chegamos à conclusão que democracia significa poder do povo, ou ainda, poder no povo.


Apesar de já ter sido criada há muitos séculos, ainda tem gente que não entende muito bem o que é democracia, o que ela garante, como funciona e por que é tão importante fortalecê-la. Se você também tem dúvida, venha com a gente!


História da democracia

A democracia nasceu na Grécia Antiga por volta do ano 507 A.C. Cansados de governos tiranos e opressores, alguns povos gregos começaram a experimentar uma forma de governo chamada de democracia direta, que consistia, basicamente, em juntar os cidadãos e deixar que chegassem num consenso sobre o que era melhor para todos. Eles se reuniam em uma praça pública, chamada de ágora, e discutiam a política e os assuntos de interesse da comunidade. Isso era possível porque eles eram poucos e podiam se reunir num lugar só.


Não que a população fosse pequena, mas só os homens livres, nascidos na Grécia, que não precisavam trabalhar para sobreviver, eram considerados cidadãos e podiam participar das decisões. Ficavam de fora os homens trabalhadores, como comerciantes e artesãos, as mulheres, as pessoas escravizadas, os estrangeiros e as crianças.


Participativa ou representativa?

Existem dois tipos de democracia. A do modelo grego, que chamamos de participativa ou direta, em que os próprios cidadãos criam e votam as leis; e a indireta ou representativa, exercida por cidadãos que são eleitos para representar um determinado grupo.


A democracia representativa, que é a que vivemos no Brasil, surge da impossibilidade de reunir milhões de pessoas num mesmo lugar para discutir e tomar decisões conjuntas.


Nem todos os países são democracias

O contrário de democracia é ditadura ou autocracia, outro termo grego que significa governo por si próprio (auto = em si mesmo e cracia = poder). Neste caso, o governo está na mão de uma única pessoa ou de um determinado grupo que assume o poder por conta de privilégios econômicos, sociais ou por hereditariedade, e permanece no comando por imposição ou pelo uso da força. Se o povo não concordar com as decisões, não pode fazer nada para mudar.


Hoje, o Brasil é uma república democrática. Elegemos nosso presidente e também nossos representantes. Além disso, nossos direitos estão assegurados pela Constituição de 1988, a mais recente da nossa história. Mas nem sempre foi assim.


Um exemplo disso ocorreu entre 1937 e 1945, quando foi instituído por aqui o chamado Estado Novo, uma ditadura sob o comando do presidente Getúlio Vargas. Naquela época, o Congresso Nacional foi fechado e o povo ficou sem poder eleger seus representantes.


O caminho da democracia

É muito mais complexo governar numa democracia. Afinal, as vontades e as necessidades das pessoas de uma população são bem diferentes. As decisões mais maduras, que beneficiam de forma mais ampla o povo e que resultam em um bem coletivo para a sociedade, precisam ser muito bem discutidas e isso leva tempo.


Todo esse trabalho vale a pena quando pensamos que numa democracia está garantida a participação popular e, ainda, a liberdade de expressão.


Voto: principal instrumento de participação

O voto é fundamental porque é por meio dele que escolhemos nossos representantes. É com esse instrumento precioso que dizemos quem pode tomar decisões no nosso lugar. No Brasil, o voto é universal – isso quer dizer que ricos ou pobres, alfabetizados ou não, empregados ou desempregados têm o mesmo peso na escolha dos representantes. Um voto não vale mais do que o outro. Leia mais sobre voto aqui.


E a democracia direta, ainda existe?

A Constituição de 1988 prevê três formas de participação popular direta: o referendo, o plebiscito e a iniciativa popular.


Referendo

Referendo é uma consulta que o governo faz à população a respeito de uma decisão já tomada – uma lei já em vigor, por exemplo.


Em 2005, houve um referendo relacionado à Lei Nº 10.826/2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento. O objetivo era conhecer a opinião das pessoas sobre o artigo 35, que proibia o comércio de armas de fogo e munição em todo o território nacional. Brasileiras e brasileiros foram às urnas e a maioria foi contra a proibição. O artigo foi excluído da Lei.


Plebiscito

Muita gente confunde plebiscito com referendo, mas eles têm uma diferença básica. O plebiscito é feito antes de o governo tomar uma decisão.


Em 1993, os(as) brasileiros(as) foram convocados(as) para decidir sobre a forma e o sistema de governo que gostariam de ter. Os(as) eleitores(as) puderam fazer duas escolhas, cada uma apresentando duas alternativas: a primeira, sobre a forma de governo, com as opções de monarquia ou república; a segunda, sobre o sistema de governo, com as opções de presidencialismo ou parlamentarismo. A população optou por manter o País como uma república presidencialista.


Projeto de Lei de Iniciativa Popular

Não é só parlamentar que pode formular leis. A sociedade também pode propor, se quiser. Os Projetos de Lei de Iniciativa Popular devem ser apresentados à Câmara dos Deputados na forma de um abaixo-assinado, com assinatura de pelo menos 1% dos(as) eleitores(as) do País, distribuídos por, pelo menos, cinco estados do Brasil ou no Distrito Federal. Depois de recebidas no Congresso, essas propostas são analisadas como qualquer outro projeto de lei.


Por exemplo: a Câmara recebeu, em 2009, o projeto de iniciativa popular conhecido como “ficha limpa”, que propunha que qualquer pessoa condenada por um crime fosse impedida de concorrer a um cargo político. O projeto contou com o apoio de 1,3 milhão de pessoas, que assinaram a proposta formulada pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, integrado por 43 organizações.


Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

quinta-feira, 20 de março de 2025

Tipos de ritos e rituais

 

Material completo disponível em: https://mid-educacao.curitiba.pr.gov.br/2025/3/pdf/00514358.pdf

Entenda qual é a diferença entre rito e ritual

 De maneira geral, o rito é um conceito mais amplo de algum aspecto de uma religião, por exemplo. Esse aspecto é o conjunto de conteúdos de um mito transmitido com base nas crenças da determinada religião. Para colocar o rito em prática são feitos rituais específicos e estes são compostos por gestos, ações, palavras, entre outros. 

Para compreender melhor o assunto e conhecer os dois termos usuais do misticismo, confira com mais detalhes a diferença entre rito e ritual e como eles são elaborados.

O que é rito?

A palavra "rito" tem origem no latim e é um termo que se refere aos costumes invariáveis, já estabelecidos por meio de regras ou normas de uma cerimônia de determinada cultura ou religião. 

Um rito é baseado nas crenças das pessoas que o realizam e é uma forma de simbolizar e transmitir as ideias e os conceitos de algum tipo de mito.

Dentro de uma religião, por exemplo, a existência e a narração dos ritos é uma tradição muito importante para os praticantes, de maneira que podem ser aplicados com um objetivo individual ou social.

O rito individual é realizado por uma única pessoa, de forma que o local e o tempo utilizado para a repetição do rito tornam-se elementos sagrados. Pessoas que têm o costume de orar todos os dias sem falta, no mesmo horário, em um lugar específico e recitando a mesma oração, por exemplo, têm um rito individual. 

Já o rito social, ainda com o exemplo de caráter religioso, é elaborado por todo o grupo de pessoas que formam a religião. Nessa questão, é possível diferenciar as crenças e mitos que dão origem às religiões, uma vez que o rito social pode ser diferente em cada culto por causa da cultura da sociedade em que está inserido.

Contudo, a base primária dos ritos não muda muito nas tradições da humanidade. Por exemplo: existe uma crença muito difundida no mundo de preparar uma cerimônia para os vivos se despedirem dos mortos, conhecida como rito funerário.

Porém, enquanto em algumas culturas são feitos velórios, em outras são elaboradas grandes festas. Portanto, o jeito de aplicar o rito - ou seja, o ritual - é diferente, mas o conceito que dá base a ele é o mesmo. 

Existem ritos mais populares que outros, como é o caso do rito de purificação que é o bastimo; os sacrifícios; a consagração de reis, sacerdotes e outros líderes de uma cultura e, por fim, os ritos de passagem e de iniciação, conhecidos por serem, respectivamente, o acesso de uma etapa para outra e a introdução de ensinamentos básicos para as pessoas que estão iniciando uma determinada prática.

No cotidiano, o termo rito também pode ser utilizado em situações rotineiras, sem qualquer vínculo com o misticismo. Por exemplo, alguém que diz "vou te apresentar meus ritos de lazer", significa que ela faz determinadas atividades de maneira costumeira para se entreter.


O que é ritual

Enquanto o rito é o conceito por trás de tudo, o ritual é a prática. Dessa forma, a celebração do rito, isto é, a concretização dos costumes, das regras estabelecidas e dos ensinamentos tradicionais é chamada de ritual.

Formado por um conjunto de ações, símbolos, palavras e/ou gestos, o ritual - palavra que também tem origem no latim - é feito com o objetivo de celebrar uma tradição e alcançar um determinado resultado.

Por exemplo, a cerimônia do casamento é um ritual elaborado para aplicar o rito de união entre duas pessoas e, assim, passar de uma pessoa solteira para casada. 

Assim como o rito, o ritual pode ser realizado de maneira individual ou social, além de utilizar ferramentas específicas para a sua efetivação. Estas podem ser roupas, objetos mágicos e/ou com grande valor simbólico - como, no caso do casamento, as alianças - e ser feito em lugares considerados sagrados, seja para você, como um altar em casa, ou para o coletivo, como um templo.

Também existem os rituais psíquicos que são praticados para chamar ou afastar vibrações, energias ou forças sobrenaturais de algo ou de alguém. Esse tipo de ritual deve ser sempre acompanhado de alguém especializado na área.

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/horoscopo/entenda-qual-e-a-diferenca-entre-rito-e-ritual,4cc65d87cf1dc9a2299842dee86d1692qpjcvxlb.html?utm_source=clipboard

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Contrato de combinados da turma

 Nesse tipo de dinâmica, o foco está no engajamento dos estudantes às regras de boa convivência em sala de aula.

Os alunos devem pensar em regras essenciais para o convívio e o bom desenvolvimento da turma. A partir daí, elabora-se um contrato que deve ser assinado por todos e guardado pelo professor.

Ao longo do ano, quando forem surgindo algumas questões ou conflitos, o contrato pode servir de referência para as tomadas de decisão coletivas.



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Dinâmica para o primeiro dia de aula - Unindo o coração

 Objetivo: levar os alunos a se conhecerem melhor. Desenvolver o relacionamento interpessoal e a comunicação.

Material Necessário:

Corações de cartolina cortados em duas partes de forma que uma delas se encaixe na outra. Cada coração só poderá encaixar em uma única metade (não pode ter partes iguais).

Procedimento:

Distribuir os corações já divididos de forma aleatória.

Informar que ao ouvirem uma música (pode substituir por estipular o tempo) caminharão pela sala em busca de seu par.

Quando todos encontrarem seus pares, o educador irá parar a música e orientar para que os participantes conversem (caso não se conheçam perguntar o nome, idade, etc.), caso não se conheçam deverão apresentar o seu par para turma.

Reflexão:

Perguntar aos alunos:

Como se sentiram durante a atividade?

Foi possível conhecer um pouco mais os colegas?

Tiveram dificuldades de encontrar o seu par?

Explicar aos alunos que sozinhos somos incompletos, precisamos ter colegas, amigos, pessoas ao nosso lado. Para isso é importante respeitarmos os colegas, sermos companheiros e colaborarmos uns com os outros.

Tempo de duração: 15 a 20 minutos

Faixa etária: a partir de 6 anos

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Passo a passo do planejamwento

 


Como organizar o tempo, no Ensino Religioso?

 O primeiro passo é observar, atentamente, os objetivos propostos pelo Currículo ou pela BNCC (no caso das instituições que não possuem um currículo próprio), verificando quantos objetivos de aprendizagem devem ser atingidos a cada ano. Bem como a complexidade de cada um. Este planejamento é necessário pois, este

é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola, os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais. (LIBÂNEO, 1994, p. 222).

A seguir, observamos um exemplo desta organização, lembrando que, a cada ano, o calendário pode sofrer alterações de acordo com os feriados e datas de férias e recessos:

5.º ano - 2023

1.º trimestre

2.º trimestre

3.º trimestre

10 aulas

8 aulas

8 aulas

4 objetivos

4 objetivos

2 objetivos


Sugestões de leitura para organizar o tempo e o planejamento:







terça-feira, 26 de novembro de 2024

Religiões presentes no Japão

 

Raízes Nativas e Influência Estrangeira

Santuário Ise
Santuário Aramatsuri no Miya, ou Santuário Ise
O mais importante de todos os santuários, o Ise foi dedicado a deusa sol Amaterasu, que alguns acreditam ser a ancestral da família imperial

A história da religião no Japão é marcada por um longo processo de influências e de tradições religiosas. Em contraste com a Europa, onde o Cristianismo suplantou as tradições pagãs locais, a religião local Xintoísmo continuou como parte da vida das pessoas desde os tempos mais antigos até a organização do Estado nos tempos modernos.

Quando o Budismo foi introduzido no Japão no século VI, as crenças Xintoístas e Budistas começaram a interagir. E essa é a característica definidora da religião japonesa. O maior exemplo dessa interação é a teoria de honji suijaku, na qual o kami Xintoísta foi visto como a encarnação de divindades Budistas.

O Confucionismo e o Taoísmo são duas outras religiões “importadas” que desempenharam um importante papel na sociedade japonesa por um período de mais de mil anos. Os preceitos confucionistas tiveram uma influência maior sobre a ética e a filosofia japonesa, no período da formação do Estado (nos séculos VI e IX), e novamente no período Edo (1600 – 1868). Com uma influência não tanto marcante como a do Confucionismo, o Taoísmo no Japão pode ser percebido no uso do horóscopo chinês e em crenças populares como nas adivinhações ou nas ‘direções auspiciosas’.

Xintoísmo

Casamento Xintoísta
Casamento Xintoísta
A celebração do casamento no estilo Xintoísta ainda é comum


A palavra ‘Xintoísmo’, a qual é geralmente traduzida com “o caminho dos deuses”, é escrita com dois caracteres chineses. O primeiro caractere, que é pronunciado como kami isoladamente, significa ‘deus’, ‘divindade’, ou ‘poder divino’, e o segundo caractere significa ‘caminho’ ou ‘trilha’. Com a introdução do sistema de arrozais durante o período Yayoi (300 a.C a 300 d.C.), os rituais agrícolas e festivais que posteriormente se tornaram parte do Xintoísmo começaram a se desenvolver.

Embora a palavra kami possa ser usada para se referir a um único ‘deus’, ela também pode ser usada no coletivo para designar uma miríade de ‘deuses’ os quais têm sido o objeto central do culto no Japão desde o período Yayoi. Os kami são parte de todas as formas de vida e se manifesta em diversas formas. Existem kami na natureza que residem em rochas sagradas, árvores, montanhas, e em outros fenômenos naturais. Existe um clã de kami chamado ujigami, que foi originalmente formado por deidades tutoras de clãs específicos, que geralmente é um ancestral do clã que foi deificado. Existe o ta no kami, ou deus dos arrozais, o qual é adorado durante o tempo das plantações e nos festivais das colheitas. E existe o ikigami, que são deidades humanas. Os kami que mais se assemelha com os deuses segundo o padrão ocidental são as divindades celestiais que residem no Takamagahara (Alto Plano Celestial). Eles são dirigidos por Amaterasu Omikami, a divindade que é venerada no Santuário Ise, o principal santuário Xintoísta.

Em parte como uma resposta a chegada das doutrinas bem estruturadas do Budismo no Japão no século VI, a atuante, porém desorganizada crença nativa, foi gradativamente sistematizada no Xintoísmo. O desejo de impor uma linhagem imperial legítima sob o fundamento religioso e mitológico levou à compilação do Kojiki (Compilação dos Assuntos Antigos) e do Nihon shoki (crônicas do Japão), em 712 e 720, respectivamente. Ao traçar a linhagem imperial até a era dos deuses, esses livros ensinam como os kami Izanagi e Izanami formaram as ilhas japonesas e os deuses principais Amaterasu Omikami (deusa do sol), Tsukuyomi no Mikoto (deus da lua), e Susano no Mikoto (deus das tempestades). Acredita-se que o tataraneto de Amaterasu Omikami foi o imperador Jimmu, o lendário primeiro soberano do Japão.

A ausência de escritos sagrados no Xintoísmo reflete na falta de mandamentos morais religiosos. Em contrapartida, o Xintoísmo enfatiza a pureza no ritual e a purificação daqueles que lidam com os kami.

Budismo

Originário na Índia por volta do século V a.C., o Budismo se espalhou pela China nos séculos II e III d.C., e finalmente chegou ao Japão via Coréia no século VI, quando o rei de Paekche enviou uma estátua do Buda e cópias das suras ao imperador japonês. O Budismo se espalhou rapidamente entre as classes altas por causa da influência da família pró-budista Soga em sua luta contra as facções anti-budistas. O príncipe Shotoku (574-622), que deu apoio imperial à construção de templos como o Horyuji (atualmente na província de Nara), é considerado o fundador do Budismo no Japão.

O imperador Shomu (701-756) adotou o Budismo como religião oficial do Estado e construiu o templo Todaiji em Nara e sua grande estátua do Buda. Entretanto, a coexistência do Budismo com o Xintoísmo continuou. Responsável por promover rituais que promoviam o bem-estar nacional, as seis seitas Nara, que dominavam o Budismo naquele tempo, eram primeiramente acadêmicas e tinham pouca influência sobre a população em geral. No início do período Heian (774-1185), a seita Tendai foi introduzida no Japão pelo sacerdote Saicho (767-822) e a seita Shingon foi introduzida por Kukai (774-835), o qual é também conhecido como Kobo Daishi. Essas duas seitas esotéricas vieram a ser as mais importantes seitas na corte imperial.

No período Kamakura (1185-1333), dois grandes acontecimentos ocorreram no Budismo no Japão. O primeiro foi o estabelecimento da escola Zen por Eisai (1141-1215), fundador da seita Rinzai, e posteriormente modificada por Dogen (1200-1253), fundador da seita Soto. O Zen encontrou um público receptivo na elite guerreira de seu tempo devido à sua praticidade e ênfase na autodisciplina e meditação. A prática Zen utiliza a meditação sentada, conhecida como zazen, enigmas conhecidos como koan, como meios para se alcançar a iluminação (satori). A principal diferença entre as duas seitas é que os locais Rinzai Zen são muito mais importantes para a prática koan que no Soto Zen.

O segundo acontecimento importante foi o rápido crescimento das seitas do Budismo popular entre as pessoas comuns. Isso inclui as seitas da Terra Pura, que ensinam que o canto do nome do Buda Amida é o melhor caminho para receber um renascimento no Paraíso de Amida, e também a seita Nichiren, que enfatiza o canto da Sura de Lotus.

No período Edo (1600-1868), o xogunato Tokugawa solicitou que todas as pessoas fossem filiadas a um templo Budista como parte do seu esforço de manter a população longe do Cristianismo. Essa medida assegurou uma grande base de membros nos templos, porém não contribuiu para a vitalidade do Budismo como uma religião viva. No princípio do período Meiji (1868-1912), esse sistema entrou em colapso por meio de ondas de sentimento anti-budismo estimuladas pelo desejo do governo de eliminar a influência do Budismo dos santuários Xintoístas e fazer do Xintoísmo a religião oficial do Estado. Como resposta a isso e à mudança do ambiente social da era moderna, o Budismo passou a se esforçar para redefinir o seu papel no Japão.

Culto Memorial BudistaCulto memorial Budista
A cerimônia Budista contempla a oração pelo repouso das almas

Cristianismo

O Cristianismo no Japão pode ser claramente dividido em três períodos: o encontro inicial com o Cristianismo, que começou no século XVI; a reintrodução do Cristianismo, depois de mais de 200 anos de isolamento nacional finalizado no século XIX; e o período logo após a II Guerra Mundial.

Introdução e Perseguição

O missionário jesuíta Francis Xavier desembarcou em Kagoshima em agosto de 1549. As atividades do missionário jesuíta estavam centradas no Kyushu, a parte mais ao sul das quatro ilhas principais japonesas e, por volta do ano 1579, seis daimyo (senhores militares regionais) tinham sido convertidos e havia aproximadamente 100 mil cristãos. Os esforços dos jesuítas foram tratados em princípio com benevolência pelo líder militar Oda Nobunaga e inicialmente pelo comandante militar Toyotomi Hideyoshi. Provavelmente em reação a sua crescente influência em Kyushu, entretanto, Hideyoshi posteriormente se voltou contra o Cristianismo, crucificando 26 cristãos em Nagazaki em 1597. Após ele se tornar de fato o mandante no Japão, em 1600, Tokugawa inicialmente tolerou os missionários, mas, em 1614, o governo de Tokugawa proibiu o Cristianismo e expulsou os missionários do Japão. Naquele momento existiam mais de 300 mil cristãos japoneses. É estimado que aproximadamente 3 mil tenham sido executados, e um grande número renunciou a sua fé com o resultado das perseguições. Muitos outros conciliaram suas crenças mantendo sua fé em segredo.

Reintrodução

Após o Japão ter abandonado a sua política de isolamento, os missionários estrangeiros voltaram em 1859, embora eles não fossem permitidos evangelizar abertamente até 1873. Durante esse período mais de 30 mil cristãos ‘ocultos’ se declararam abertamente; eles pertenciam a grupos que se reuniam para reuniões clandestinas durante mais de 200 anos de perseguição.
Missionários católicos e protestantes passaram a ser mais ativos a partir dessa época e, embora o número de convertidos tenha sido relativamente pequeno, os cristãos influenciaram na educação e no movimento de união comercial. O crescimento do nacionalismo e a promoção da afiliação aos templos Xintoístas como dever patriótico fizeram que os anos de 1930 fossem difíceis para muitos cristãos.

Após a II Guerra Mundial

As atividades cristãs logo após o período pós-guerra teve o auxílio das autoridades da ocupação, mas pequenos avanços foram observados. Em 2006, os cristãos somavam 3,03 milhões de pessoas, o que representa menos de 2,4 % da população.
Apesar da crescente popularidade das cerimônias de casamento no estilo cristão, o Cristianismo no Japão é ainda considerado por muitos japoneses como religião de estrangeiros. Como o conhecimento e interesse pelo Cristianismo têm crescido nos últimos anos as pessoas certamente estão um pouco mais familiarizadas com a religião. Essa familiaridade, entretanto, não foi traduzida em um aumento no número de adeptos. Uma razão possível para esse baixo crescimento é que a ênfase na crença exclusiva no Deus cristão requer um forte compromisso em renunciar ao politeísmo mais brando do Xintoísmo e do Budismo japonês.

Religião no Japão Hoje
Principais Correntes do Xintoísmo e do Budismo

A urbanização afastou muitos japoneses dos seus laços familiares com templos específicos do Budismo e do Xintoísmo. Ainda assim, muitas pessoas se consideram tanto xintoístas como budistas.

Sacerdote Budista em Treinamento Asceta
Sacerdote budista em um treinamento asceta
Um sacerdote com seu chapéu de palha assentado em meditação e oração pelas almas
(Foto cortesia da AFLO)

A estatística da Agência de Assuntos Culturais para 2011 mostra a membresia combinada de ambas as religiões em 187,4 milhões, cerca de 53% a mais do que o total da população do Japão. No sentimento religioso da maioria dos japoneses o Xintoísmo e o Budismo podem coexistir pacificamente sem conflito. Para uma pessoa comum, entretanto, a filiação religiosa não se traduz em uma frequência regular aos cultos. A maioria das pessoas visita os santuários e templos como parte dos eventos anuais e rituais de passagem mais marcantes.

Esses eventos anuais incluem os festivais do santuário e do templo, a primeira visita ao templo ou ao santuário do ano (hatsumode), e a visita ao túmulo da família durante o Festival Bom. Rituais comemorando os estágios da vida das pessoas incluem a primeira visita a um santuário pelo recém-nascido (miyamairi), o Festival do Santuário Shichi-go-san para os meninos de três e cinco anos e para as meninas de três e sete anos, a cerimônia de casamento Xintoísta, e o funeral budista.

Novas Religiões

O desenvolvimento mais notável da religião no Japão no século XX foi o rápido crescimento de novas religiões. Os ensinamentos dessas novas religiões se alinharam com uma ampla gama de tradições prévias, incluindo aspectos do Shito, Budismo, Confucionismo, Taoísmo religiões populares e Xamanismo. Os fundadores das novas religiões são geralmente reverenciados como deidades vivas (ikigami).

Uma das atrações das novas religiões para muitos é o senso de comunidade que elas dão às pessoas que perderam o apoio mental e espiritual que historicamente era dado pelos familiares, comunidade local ou pelas religiões tradicionais.

Kamidana
Kamidana
Um santuário em miniatura para adoração das divindades no lar

Os aspectos perigosos que o forte controle das novas religiões exerce sobre seus fiéis têm estado sob maior vigilância após o ataque com gás sarin no metrô de Tóquio em março de 1995. O atentado matou 12 pessoas e feriu mais de 100. Esse ataque foi realizado pelo grupo religioso Aum Shinrikyo.

Instituições Religiosas no Japão

 

 Xintoísmo

 Budismo

 Cristianismo

 Outras

Santuários, templos, igrejas, outras organizações

88.591

85.439

9.344

38.107

Religiosos (sacerdotes, ministros, etc.)

76.190

348.662

35.129

216.560

Membros

102.756.326

84.652.539

2.773.096

9.435.317

Nota: Essa estatística está baseada em informações fornecidas pelas várias organizações religiosas. Elas podem alterar com o passar dos anos
Fonte: Agência de Assuntos Culturais, julho de 2012



Texto originalmente disponível em: https://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/religiao.html